Na manhã do dia deis
Nóis cheguemo bem cedinho.
E iguar faiz nos quartéis,
É só tomar o cafezinho
E ir direto pra sala
Aprendê cume qui fala
E fazê tudo direitinho.
Chegando na sala tava
A querida professora
Qui é muito sabida a dona
Já é até mestra e dotôra!
Ela ispricô pra nóis, tudo, tudo direitinho,
Cume que a gente vai fazê
Pra terminar o Gestar II
Se tiver ter o deproma
Da sonhada UNB.
Despois de tudo expricado
Cumecemo então a falá
O qui fizemo na escola
Do tar do curso do Gestar.
Todo mundo foi falando,
Os seus feitos coisa e tar.
Todo mundo teve sua vêis.
Ninguém ficou sem falar.
Num falô todo mundo cedo
Fico um pouco pra tarde.
Sabe, eu falei logo num quiria fazê alarde.
O povo de Colorado quereno inzibi, veja só
Feiz o deis cheim de figurinha
Só vendo pra vê a beleza.
O meu? Ai, ai, ai, que vergonha!
Feinho que dava dó.
Mais no Gestar é tão bão
Pruquê o crima é ameno.
Ninguém caçoa do outro: nem
Dos bão, dos ruim, “mais ou meno”.
E a gente fica à vontade
Conta as bestêra qui faiz.
A professora só óia,
E diz pra não fazê mais.
Na manhã do dia doze aprendemo
Qui o insino num é fracionado
Inté fizemo um texto
Usando uns palavriado
Qui a professora ispricô
Qui de provérbio é chamado.
Vimo um montão de provérbio
Cada quar na sua vêiz.
Tinha de toda língua:
Italiano, africano, árabe e chinês.
No texto argumentativo
Qui a professora pidiu
Nóis feiz falando duma árvore
Qui perdeu um gaio uma vêiz
E esse marvado já seco,
Cabo de machado virô.
Ia derrubá sua mãe
Qui triste argumento
-Te alimentei com minha seiva
E tu me mata agora?!
Arrependido o gaio
Pidiu perdão nessa hora
Na manhã do dia doze,
Quarta feira, note bem
Qui até zonza eu fiquei
Falô dumas redação
Chamada de oficiá,
Criou o “Ministério das Linguage”
No Distrito Federal
Falô dos concurso púbrico
Pra nossa felicidade
Qui a gente de sabê
O regimento da entidade.
Mais o mió de tudo
Não foi esse conseio, não.
Foi um tar de trava-língua
Qui pra falá é tão difícir
Qui deu câimbra até na mão.
Mais nóis fizemo certinho!
Mostremo pra professora
Qui nóis é aluno dos bão.
Ela fêiz um piquititinho.
E nóis fêiz um bem grandão!
Na tarde desse mesmo dia,
Nóis viu o filme “Vidas em Português”.
Oito séculos falando
Minha língua e a docêis.
A gente viu a mudança
Qui o tempo encarrega em fazê,
De lugar pra lugar também
Há diferença de sê.
Mais nossa língua é bunita.
Seja em quarqué idade
Só na nossa língua tem
A danada da sodada.
Mais bão memo foi de noite
Qui argúem ofereceu
Um firme pra os cursista
E no hotel aconteceu.
O mocinho era tão lindo!
E oiava com tanto amo
Qui as assanhada das minina
Quase num se agüento.
E a Bete, coitada, inocente, por ele se apaixono.
Eu nada disso vi
Mas a Auxiliadora contô.
Na quinta feira bem cedo
Cheguemo pra istudá
Era apresentação dos trabaio
Mais antes nóis viu um slide
Dum narrado nordestino
Contando um filme em inglês
Intendendo tudinho, tudinho...
O qui ele quis falá,
Era tudo expricadinho:
-Num sei que lá, num sei que lá.
Essa tarde estão ficô
Para os trabaio expô
Já era quase noitinha
Tava todo mundo cansado
Mais feliz que dava gosto!
Na manhã seguinte nóis fêiz
Uma fabula ingraçada
Era tudo ao contrário
Original não tinha nada.
O lobo que era mau
Ficou bãozinho, o danado,
Cuidava da vovozinha
Que nem mesmo a Chapeuzinho
Teve tamanho cuidado.
A tartaruga apressada, brigava com as formiga
Que estava demorando
Pra cumpri o cumbinado.
Num pudia ficá sujera.
Nem um poquim de farelo.
Nesse momento chegô
Um tar Monteiro Lobato, homem importante, mas singelo
Então levo todo mundo pro sítio
Do Pica Pau amarelo.
Na tarde desse dia então
quando tudo terminô,
fico aquela sodade
dos dia de felicidade
qui aqui nóis junto passô.
Quando o trem é assim bão,
Passa logo, a gente nem vê.
Professorinha querida, já to cum sodade docê.
Cum sodade de todo mundo
Pruquê isso é que é educação.
O grande, o pequeno se unem
Fazendo a integração
Caminhando todos juntos
Rumo à integração.
Maria Divina de Andrade
Corumbiara, 2009-11-26 Formadora do Gestar II