Blog da Luiza - Gestar 2


sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Nossa Língua Portuguesa

Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio
Tancredo de Almeida Neves
Cerejeiras – RO
2008

PROFIPES

PROJETO DIDÁTICO:

NOSSA LÍNGUA PORTUGUESA

Professora - Luiza Oliveira de Assunção
Disciplina - Língua Portuguesa
Público Alvo - 2ºA, B, C, D, E, F e G (Ensino Médio)
3º A, F e G (Ensino Médio)

Projeto – Nossa Língua Portuguesa

Apresentação

A língua maltratada
Como castigam nosso pobre português!
É impressionante como as pessoas falam e escrevem de maneira errada. O bom português até já foi tema de campanha publicitária do McDonald’s. Presenciar punhaladas na língua não me assusta tanto. Fico de cabelo em pé ao perceber que as pessoas acham feio falar corretamente. Se alguém usa uma palavra diferente, numa roda de amigos, acaba ouvindo:
– Hoje você está gastando, hein?
Vira motivo de piada.
O personagem que fala certinho é sempre o chato nos programas humorísticos. Mesmo em uma cidade como São Paulo, onde a concorrência profissional é enorme, ninguém parece preocupado em corrigir erros de linguagem. Incluem-se aí profissionais de nível universitário. Um dos maiores crimes é cometido contra o verbo haver. Raramente alguém coloca o H.
Mesmo em jornais, costumo ler: “Não se sabe a quanto tempo...”.
Outro dia, estava assistindo ao trailer de Medidas Extremas. Lá pelas tantas, surge a legenda: “Vou previni-lo”. O verbo é prevenir.
No filme Asas do Amor, também não falta uma preciosidade. Diz-se que um personagem é ‘mal’. O certo é ‘mau’. Só o demônio é a encarnação do mal, do ponto de vista da gramática. Legendas de filme não deveriam sofrer um cuidado extra? Para se defender, o responsável pelas frases tortas é bem capaz de dizer:
– Deu para entender, não deu?
Errar, tudo bem. O problema é deixar o erro seguir em frente.
Mesmo um texto correto corre riscos. Quem lê muitas vezes nem sequer presta atenção. Nunca vou esquecer o que aconteceu numa novela de época. A história se passava durante a Abolição da Escravatura.
Lá pelas tantas, o vilão dizia:
– Chutei o balde!
Mas o ator interpretou, de boca cheia:
– Chutei o pau da barraca!
Foi ao ar. Vários jornais fizeram piada. Como usar essa expressão no século passado? O sapo ficou para o autor.
Novelas de televisão, aliás, tornaram-se um festival de arrasa língua.
Nenhum jovem diz:
– Eu o vi.
Todos preferem:
– Eu vi ele.
Existe um argumento para justificar essa forma de falar. É a necessidade
de manter uma linguagem coloquial. Em teatro e televisão, é importante. Os atores devem falar como os personagens que interpretam. Ninguém pode esperar que uma quituteira baiana, por exemplo, use ‘deixe-a’ ou “ofereço-lhe”, como faria uma mestra da literatura.
Mas há limites. É uma experiência que vivo na carne, assim como outros autores que conheço. Para manter o tom coloquial sem massacrar a língua, passo horas buscando alternativas. Por exemplo:
– Ontem eu vi a menina.
Só para não cair no hediondo “eu vi ela”. Adianta? Para se sentir à vontade, certos atores crivam o diálogo de horrores. Seria injustiça falar apenas de atores. Há memorandos internos de executivos de arrepiar. Já tive uma secretária incapaz de soletrar o nome correto de alguns conhecidos. ‘Alcides’, ela escrevia como ‘Aucides’.
Esfaqueiam as palavras até para expressar carinho. Casais chamam o cônjuge de ‘mô’. Amigos se tratam de ‘mermão’. Gente descolada emprega termos ingleses a torto e a direito. Um amigo me disse:
– Encontrei com ela na night.
Era uma maneira de dizer que se cruzaram na noite paulistana. E por aí vai. “Up to date”, “fashion” e uma infinidade de termos tornaram-se essenciais no vocabulário. Ninguém sabe exatamente o que significam, como gíria. As pessoas usam a torto e a direito para dar a impressão de refinamento.
Muita gente passa o dia malhando na academia. Outros conhecem vinhos. Existem gourmets capazes de identificar um raro tempero na primeira garfada. Analistas econômicos são capazes de analisar todas as bolsas do universo. Boa parte acha normal atropelar o português. Descaso com a língua é desprezo em relação à cultura. Será que um dia essa mentalidade vai mudar?
(Walcyr Carrasco, in Veja São Paulo, 22/4/1998, p. 106.)

Preocupada com essa realidade descrita no texto acima e com o total descaso que se percebe por parte dos alunos no estudo da língua, foi que resolvi realizar esse projeto através do qual espero incutir em nossos alunos o respeito e a atenção que a nossa língua merece, pois percebo que isso ocorre motivado pelo desconhecimento da importância que a mesma tem em diversos contextos, inclusive, em nosso dia a dia.
Entendo que a partir do momento em que eles, os alunos, tiverem um pouco mais de conhecimento sobre a história da Língua Portuguesa no tempo e no espaço, sobre as contribuições que a fizeram ser o que é hoje e sobre a sua importância no mundo atual, com certeza a tratarão como ela merece, como bem cultural de todo um povo, o povo brasileiro, e se orgulharão de serem usuários dessa que é uma das línguas mais usadas no mundo.


Meta:
- Exposição oral e em murais dos resultados de pesquisas bibliográficas e de campo em evento público na escola, a Feira do Conhecimento.
Objetivo Principal:
- Valorizar a Língua Portuguesa como bem cultural dos brasileiros através do conhecimento de sua História e da importância que a mesma tem no mundo atual.

Objetivos secundários:
- Ler fluentemente textos que falem sobre a língua portuguesa como objeto cultural dos brasileiros e de outras nacionalidades;
- Debater as idéias desses textos;
- Pesquisar sobre os países que também utilizam a língua portuguesa assim como o Brasil;
- Reconhecer inadequações vocabulares, de concordância, regência e pontuação em textos do cotidiano como cartazes, folhetos, placas, faixas e outros;
- Realizar as devidas adequações nos textos pesquisados;
- Expor oralmente e através de mural, para um público determinado, o resultado das pesquisas;



Metodologia a ser utilizada:
1ª Etapa – Sensibilização e organização dos alunos:


- Leitura e debate de textos de autores brasileiros que tratam do assunto, como Ariano Suassuna, visando à motivação dos alunos para a participação no projeto;
- Formação de grupos que tratarão dos diversos temas relacionados como: A origem da Língua Portuguesa, Países que falam a Língua Portuguesa, Contribuições de outros povos na formação da Língua Portuguesa e Inadequações de uso da Língua Portuguesa em textos do cotidiano como cartazes, panfletos publicitários, faixas e placas de sinalização;

2ª Etapa – Preparação do material:

- Pesquisas dos grupos na biblioteca da escola, na internet e de campo sobre os diversos temas;
- Elaboração de resumos, ilustrações e correções dos textos coletados;
- Montagem de painéis para exposição dos trabalhos;

3ª Etapa – Exposição do trabalho:

- Apresentação dos resultados das pesquisas na Feira do Conhecimento.


Cronograma:
- Início do 2º bimestre: Motivação dos alunos e distribuição dos grupos;
- Durante o 2º bimestre: Realização das pesquisas;
- Início do 3º bimestre: Elaboração dos resumos, ilustrações e correções dos textos coletado;
- Final do 3º bimestre: Apresentação dos resultados das pesquisas na Feira do Conhecimento.

Materiais a serem utilizados:
- Computador, impressora e papel contínuo para reprodução dos textos:
- Livros para pesquisa: Dicionário Etimológico (Biblioteca), Memória das Palavras (CD-Seminário relações inter-raciais);
- Acesso à Internet para pesquisa sobre a História da Língua Portuguesa no Brasil e no Mundo;
- Cartolina, papel cartão e similares;
- Pincel atômico;
- fita adesiva, cola e tesoura;
- Data-show;
- Cd regravável;
- Máquina fotográfica;
- Reproduções de mapas-múndi;

Materiais a serem adquiridos:
- Cartolina;
- Papel cartão;
- Papel pardo;
- Papel crepom;
- Pincel atômico;
- Cd regravável;
- Reproduções de mapas-múndi;
- Papel contínuo;
- Fita para impressora;
- Cola;
- Fita adesiva;
Avaliação
Serão avaliados os seguintes aspectos durante a realização dos trabalhos:
• Participação do aluno nas atividades de forma efetiva e contínua ( essa participação será avaliada pelo próprio grupo);
• Organização do material coletado;
• Qualidade do material a ser exposto;
• Oralidade e correção do conteúdo durante a apresentação;

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Autobiografia

Meu nome é Luiza Oliveira de Assunção, nasci aos 19 de dezembro de 1965, na cidade de Deodápolis, Mato Grosso do Sul.
Antes de completar sete anos, meu pai resolveu se mudar com a família para a capital de São Paulo, onde pretendia melhores oportunidades de emprego e estudo para os filhos.

A primeira escola de que me lembro ficava na capital de São Paulo, num bairro chamado Penha de França. Era um prédio de três andares e chamava-se Colégio Padre Antão. Eu me recordo bem das escadas, que era por onde eu, ainda criança, corria em busca da merenda e das brincadeiras do recreio. Na sala de aula, me recordo apenas de um professor de quinta-série. Ele era negro, alto, magro e muito sisudo, mas eu me identificava muito com ele, ele dava aulas de Português e, com certeza, foi o responsável pelo gosto que adquiri pela leitura.

O que mais me fascinavam eram os textos que me transportavam para um mundo de fantasia, cheio de emoção e de alegria. Eu me concentrava tanto nas leituras, nas histórias, que perdia a noção do tempo, da realidade, e muitas vezes fui repreendida duramente por isso, pois tinha que cuidar dos serviços da casa primeiro e, muitas vezes, me surpreendiam com um livro nas mãos, entretida com as aventuras dos personagens.
Pegava livros emprestados na biblioteca da escola, na biblioteca pública e dos meus professores. Adorava entrar em livrarias e sonhava em um dia poder adquirir todos aqueles livros ali expostos. Era meu sonho de consumo. Meus irmãos mais velhos também contribuíam trazendo material de leitura para mim. Gibis, revistas, livros os mais diversos, fotonovelas e outros. Tinha preferência por textos narrativos e que tivessem bastantes diálogos.
Aos onze anos de idade nos mudamos novamente. Agora para a cidade de Campo Grande. Ali, estudei numa escola muito boa, cujo nome homenageava o Padre Heitor Castoldi. Datam dessa época algumas lembranças muito boas como o contato com a música e as festas regionais.
Permanecemos somente um ano naquele lugar, de onde saímos atraídos pela possibilidade de adquirir um pedaço de terra. Viemos para Rondônia em 1978 e nos instalamos inicialmente na cidade de Colorado do Oeste e depois no sítio que meu pai ganhou do Incra.
Essa nova morada ficava localizada muito distante da cidade e, por isso, fui obrigada a interromper meus estudos na sétima série do ensino fundamental. Também rarearam as possibilidades de acesso a qualquer material de leitura, então lia o que me caía nas mãos.
Aos dezesseis anos me casei e, um ano depois, já era professora numa escolinha rural em turmas multisseriadas.
Logo em seguida me inscrevi num curso de formação de professores à distância, o Logos II.
Com minha sede de saber, consegui alcançar, nesse curso, um dos recordes dos quais me orgulho em meus estudos. Concluí o curso em menos de quatorze meses, realizando até quatorze provas em um só dia.
Assim “formada”, resolvi me mudar, com minha família para a cidade de Cerejeiras, quando fui trabalhar na Escola Tancredo Neves, isso em 1986.

Trabalhava com turmas do primário, segunda e terceira série, a maior parte do tempo.
Em 1995, surgiu a oportunidade de realizar mais um dos meus sonhos, um curso de graduação na área de Língua Portuguesa. Era um curso da UNIR, Universidade Federal de Rondônia. Quando comecei o curso, fui convidada a trabalhar com as séries finais do ensino fundamental e o ensino médio.
Em 2000, seis meses depois de minha formatura, fui surpreendida em minhas convicções pela demissão. O Governo do Estado, alegando a necessidade de enxugar a folha de pagamento, demitiu um grande número de funcionários.
Fiquei desesperada! Já havia percebido que a educação era a minha vida e não poderia viver de outra forma. Busquei por diversos meios reaver meu cargo, mas foi tudo em vão, percebi que não poderia tê-lo de volta. Minha salvação foram as escolas particulares e algumas aulas pelo município, até poder voltar. Agora de acordo com a lei. Com nível superior e concurso público. Fiz o concurso em 2001, passei e fui chamada pra tomar posse no meu cargo de Professora Nível III em abril do mesmo ano. Em 2008, fui convidada a fazer parte da equipe do Gestar II em Cerejeiras como formadora de Língua Portuguesa, com o qual espero poder contribuir para a formação continuada de muitos outros colegas professores e, dessa forma, ajudar na melhoria do qualidade da educação que é oferecida aos nossos jovens estudantes, principalmente, daqueles que são foco do programa, de sexto ao nono ano.


E o futuro? A Deus pertence... Mas acredito que estou deixando a minha contribuição para que ele seja melhor.