Fui alfabetizada em uma escolinha rural que ficava próxima a nossa casa, onde a professora era minha irmã mais velha. Sei disso de ouvir falar, pois não tenho lembrança nenhuma daquela época.
As primeiras experiências com a leitura de que me lembro remontam a meados da década de 70, quando eu morava em São Paulo e estudava numa escola chamada Colégio Padre Antão. Havia um professor de português que se chamava Luiz, com o qual me identificava muito e que, provavelmente, influenciou decisivamente as minhas escolhas literárias e o meu gosto pela leitura.
Desde que me lembro sou uma leitora voraz. No começo eu preferia as histórias em quadrinhos, os textos menores, mas com muita ação e, principalmente, muitos diálogos. Lia fotonovelas e gostava muito. Depois vieram as Júlias, Biancas, Sabrinas, como toda adolescente encantada pelas aventuras românticas dessas personagens.
Apesar do prazer e encantamento pela leitura eu não tinha acesso a um grande acervo literário, pois nossa família era extremamente carente no que se refere a condições financeiras, mas eu me virava tomando emprestado da escola, dos professores e das colegas com quem estudava.
Li muitas obras da Série Vagalume e me encantava com as aventuras dos personagens dessas obras. Alguns me deixaram boas recordações. Em um deles, Sozinha no Mundo (Marcos Rey), a personagem se pareça comigo e eu me via embarcando naquela realidade paralela cheia de mistério e suspense, em busca de uma herança que resolveria todos os problemas financeiros de minha família. Isso demonstra claramente a confusão que eu fazia com os personagens dos livros que lia. Esse eu li várias vezes e quando o encontrei novamente, há pouco tempo, na prateleira da sala de leitura de minha escola, não tive dúvida em me apossar imediatamente dele para mergulhar novamente nas aventuras de Pimpa, a menina órfã perseguida por uma suposta assistente social, que no final se mostra muito mais interessada na herança da sobrinha do que em seu bem–estar, como era de se supor. A ilha perdida, Coração de onça, O Outro Lado da Ilha, O Mistério do Cinco estrelas, Meninos Sem Pátria, Um Cadáver Ouve Rádio, O Escaravelho do Diabo entre outros, também fazem parte dessa época da minha vida.
Depois vieram os clássicos, ainda na adolescência: A Moreninha, A Mão e a Luva, Senhora, Helena, Iracema e tantos outros. Aí já havia certa preocupação em prestar contas na escola. As professoras exigiam esse tipo de leitura, o que para mim nunca foi sacrifício, como era pra alguns dos meus colegas, por que não dizer a maioria deles. Mas mesmo sendo feita com prazer, havia sim uma grande necessidade de atenção, às vezes até uma segunda leitura devido à complexidade da linguagem.
Houve um tempo, quando fiquei fora da escola por alguns anos, que lia qualquer coisa que me caísse nas mãos. Data dessa época a leitura dos livros históricos da Bíblia, todos eles. Foi um tempo difícil. Mas que resultou num grande aprendizado.
Já casada, fui sócia do Círculo do Livro, e pude ampliar o meu arsenal literário principalmente no que se refere à literatura estrangeira: O Velho e o Mar, O Morro dos Ventos Uivantes, A volta ao mundo em oitenta dias... Cada um ao seu estilo. Inesquecíveis... Porém, os meus preferidos eram as obras de Sidney Sheldon, com as quais passei momentos de grande prazer e entretenimento. Muitas vezes não conseguia desgrudar do livro antes de terminar a sua leitura e me embrenhava madrugada adentro para desprazer de meus familiares que se incomodavam muito com esse hábito.
Quando estava na faculdade, fui “obrigada” a ler os clássicos novamente. Agora com olhos bem mais críticos, devido à necessidade de avaliar, analisar, descobrir a essência da literatura à luz das teorias contemporâneas. Pude também conhecer outros clássicos da literatura brasileira e portuguesa como Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas, O Guarani, O primo Basílio, O crime do Padre Amaro, entre outros.
Numa outra etapa, já lecionando para o ensino fundamental e médio, tive a oportunidade de apreciar muitas outras obras da nossa literatura e também da literatura estrangeira. Instituímos o que chamamos aqui de “aula de leitura”, um momento em que levamos nossos alunos a mergulhar na leitura. Funciona assim: há uma sala na escola em que ficam expostas todas as obras literárias de que a escola dispõe. São muitos livros, mas não há a possibilidade de empréstimo porque são poucos exemplares de cada um. Assim, tiramos uma aula, das que seriam destinadas ao estudo da Língua Portuguesa e levamos os alunos a essa sala onde eles podem fazer uma hora de leitura por semana. Somos conscientes de que é muito pouco e tentamos conscientizá-los disso, mas é o que podemos oferecer, já que os nossos alunos, ou a maioria deles, não possuem material de leitura em casa a sua disposição.
O Vermelho e o Negro, Dom Quixote, a Odisséia, Crime e Castigo, Madame Bovary, foram alguns dos que li nessa época. Porém é importante destacar os nomes dos autores da nossa literatura com os quais também tenho ocupado, e muito bem, o meu tempo. São eles Rachel de Queiroz, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Mário de Andrade (Macunaíma me fez rir muito), Guimarães Rosa, Érico Veríssimo, Antonio Callado, Jorge Amado, entre outros.
Como se pode ver minha experiência nesse campo é bem vasta, pois esse é um hábito do qual me orgulho muito e ao qual agradeço meus conhecimentos da língua. Gostaria de falar aqui sobre as minhas impressões de cada uma dessas obras, mas não quero me estender muito, pois sei que tenho muito a dizer sobre cada um deles e não quero me tornar cansativa.
Blog da Luiza - Gestar 2
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Autobiografia
Meu nome é Luiza Oliveira de Assunção, nasci aos 19 de dezembro de 1965, na cidade de Deodápolis, Mato Grosso do Sul.
Antes de completar sete anos, meu pai resolveu se mudar com a família para a capital de São Paulo, onde pretendia melhores oportunidades de emprego e estudo para os filhos.
A primeira escola de que me lembro ficava na capital de São Paulo, num bairro chamado Penha de França. Era um prédio de três andares e chamava-se Colégio Padre Antão. Eu me recordo bem das escadas, que era por onde eu, ainda criança, corria em busca da merenda e das brincadeiras do recreio. Na sala de aula, me recordo apenas de um professor de quinta-série. Ele era negro, alto, magro e muito sisudo, mas eu me identificava muito com ele, ele dava aulas de Português e, com certeza, foi o responsável pelo gosto que adquiri pela leitura.
O que mais me fascinavam eram os textos que me transportavam para um mundo de fantasia, cheio de emoção e de alegria. Eu me concentrava tanto nas leituras, nas histórias, que perdia a noção do tempo, da realidade, e muitas vezes fui repreendida duramente por isso, pois tinha que cuidar dos serviços da casa primeiro e, muitas vezes, me surpreendiam com um livro nas mãos, entretida com as aventuras dos personagens.
Pegava livros emprestados na biblioteca da escola, na biblioteca pública e dos meus professores. Adorava entrar em livrarias e sonhava em um dia poder adquirir todos aqueles livros ali expostos. Era meu sonho de consumo. Meus irmãos mais velhos também contribuíam trazendo material de leitura para mim. Gibis, revistas, livros os mais diversos, fotonovelas e outros. Tinha preferência por textos narrativos e que tivessem bastantes diálogos.
Aos onze anos de idade nos mudamos novamente. Agora para a cidade de Campo Grande. Ali, estudei numa escola muito boa, cujo nome homenageava o Padre Heitor Castoldi. Datam dessa época algumas lembranças muito boas como o contato com a música e as festas regionais.
Permanecemos somente um ano naquele lugar, de onde saímos atraídos pela possibilidade de adquirir um pedaço de terra. Viemos para Rondônia em 1978 e nos instalamos inicialmente na cidade de Colorado do Oeste e depois no sítio que meu pai ganhou do Incra.
Essa nova morada ficava localizada muito distante da cidade e, por isso, fui obrigada a interromper meus estudos na sétima série do ensino fundamental. Também rarearam as possibilidades de acesso a qualquer material de leitura, então lia o que me caía nas mãos.
Aos dezesseis anos me casei e, um ano depois, já era professora numa escolinha rural em turmas multisseriadas.
Logo em seguida me inscrevi num curso de formação de professores à distância, o Logos II.
Com minha sede de saber, consegui alcançar, nesse curso, um dos recordes dos quais me orgulho em meus estudos. Concluí o curso em menos de quatorze meses, realizando até quatorze provas em um só dia.
Assim “formada”, resolvi me mudar, com minha família para a cidade de Cerejeiras, quando fui trabalhar na Escola Tancredo Neves, isso em 1986.
Trabalhava com turmas do primário, segunda e terceira série, a maior parte do tempo.
Em 1995, surgiu a oportunidade de realizar mais um dos meus sonhos, um curso de graduação na área de Língua Portuguesa. Era um curso da UNIR, Universidade Federal de Rondônia. Quando comecei o curso, fui convidada a trabalhar com as séries finais do ensino fundamental e o ensino médio.
Em 2000, seis meses depois de minha formatura, fui surpreendida em minhas convicções pela demissão. O Governo do Estado, alegando a necessidade de enxugar a folha de pagamento, demitiu um grande número de funcionários.
Fiquei desesperada! Já havia percebido que a educação era a minha vida e não poderia viver de outra forma. Busquei por diversos meios reaver meu cargo, mas foi tudo em vão, percebi que não poderia tê-lo de volta. Minha salvação foram as escolas particulares e algumas aulas pelo município, até poder voltar. Agora de acordo com a lei. Com nível superior e concurso público. Fiz o concurso em 2001, passei e fui chamada pra tomar posse no meu cargo de Professora Nível III em abril do mesmo ano. Em 2008, fui convidada a fazer parte da equipe do Gestar II em Cerejeiras como formadora de Língua Portuguesa, com o qual espero poder contribuir para a formação continuada de muitos outros colegas professores e, dessa forma, ajudar na melhoria do qualidade da educação que é oferecida aos nossos jovens estudantes, principalmente, daqueles que são foco do programa, de sexto ao nono ano.
E o futuro? A Deus pertence... Mas acredito que estou deixando a minha contribuição para que ele seja melhor.
Antes de completar sete anos, meu pai resolveu se mudar com a família para a capital de São Paulo, onde pretendia melhores oportunidades de emprego e estudo para os filhos.
A primeira escola de que me lembro ficava na capital de São Paulo, num bairro chamado Penha de França. Era um prédio de três andares e chamava-se Colégio Padre Antão. Eu me recordo bem das escadas, que era por onde eu, ainda criança, corria em busca da merenda e das brincadeiras do recreio. Na sala de aula, me recordo apenas de um professor de quinta-série. Ele era negro, alto, magro e muito sisudo, mas eu me identificava muito com ele, ele dava aulas de Português e, com certeza, foi o responsável pelo gosto que adquiri pela leitura.
O que mais me fascinavam eram os textos que me transportavam para um mundo de fantasia, cheio de emoção e de alegria. Eu me concentrava tanto nas leituras, nas histórias, que perdia a noção do tempo, da realidade, e muitas vezes fui repreendida duramente por isso, pois tinha que cuidar dos serviços da casa primeiro e, muitas vezes, me surpreendiam com um livro nas mãos, entretida com as aventuras dos personagens.
Pegava livros emprestados na biblioteca da escola, na biblioteca pública e dos meus professores. Adorava entrar em livrarias e sonhava em um dia poder adquirir todos aqueles livros ali expostos. Era meu sonho de consumo. Meus irmãos mais velhos também contribuíam trazendo material de leitura para mim. Gibis, revistas, livros os mais diversos, fotonovelas e outros. Tinha preferência por textos narrativos e que tivessem bastantes diálogos.
Aos onze anos de idade nos mudamos novamente. Agora para a cidade de Campo Grande. Ali, estudei numa escola muito boa, cujo nome homenageava o Padre Heitor Castoldi. Datam dessa época algumas lembranças muito boas como o contato com a música e as festas regionais.
Permanecemos somente um ano naquele lugar, de onde saímos atraídos pela possibilidade de adquirir um pedaço de terra. Viemos para Rondônia em 1978 e nos instalamos inicialmente na cidade de Colorado do Oeste e depois no sítio que meu pai ganhou do Incra.
Essa nova morada ficava localizada muito distante da cidade e, por isso, fui obrigada a interromper meus estudos na sétima série do ensino fundamental. Também rarearam as possibilidades de acesso a qualquer material de leitura, então lia o que me caía nas mãos.
Aos dezesseis anos me casei e, um ano depois, já era professora numa escolinha rural em turmas multisseriadas.
Logo em seguida me inscrevi num curso de formação de professores à distância, o Logos II.
Com minha sede de saber, consegui alcançar, nesse curso, um dos recordes dos quais me orgulho em meus estudos. Concluí o curso em menos de quatorze meses, realizando até quatorze provas em um só dia.
Assim “formada”, resolvi me mudar, com minha família para a cidade de Cerejeiras, quando fui trabalhar na Escola Tancredo Neves, isso em 1986.
Trabalhava com turmas do primário, segunda e terceira série, a maior parte do tempo.
Em 1995, surgiu a oportunidade de realizar mais um dos meus sonhos, um curso de graduação na área de Língua Portuguesa. Era um curso da UNIR, Universidade Federal de Rondônia. Quando comecei o curso, fui convidada a trabalhar com as séries finais do ensino fundamental e o ensino médio.
Em 2000, seis meses depois de minha formatura, fui surpreendida em minhas convicções pela demissão. O Governo do Estado, alegando a necessidade de enxugar a folha de pagamento, demitiu um grande número de funcionários.
Fiquei desesperada! Já havia percebido que a educação era a minha vida e não poderia viver de outra forma. Busquei por diversos meios reaver meu cargo, mas foi tudo em vão, percebi que não poderia tê-lo de volta. Minha salvação foram as escolas particulares e algumas aulas pelo município, até poder voltar. Agora de acordo com a lei. Com nível superior e concurso público. Fiz o concurso em 2001, passei e fui chamada pra tomar posse no meu cargo de Professora Nível III em abril do mesmo ano. Em 2008, fui convidada a fazer parte da equipe do Gestar II em Cerejeiras como formadora de Língua Portuguesa, com o qual espero poder contribuir para a formação continuada de muitos outros colegas professores e, dessa forma, ajudar na melhoria do qualidade da educação que é oferecida aos nossos jovens estudantes, principalmente, daqueles que são foco do programa, de sexto ao nono ano.
E o futuro? A Deus pertence... Mas acredito que estou deixando a minha contribuição para que ele seja melhor.
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